BEDA #02: Aprendendo a ligar o f*da-se

No fim de março fui ver a Niina Secrets num evento da Seda e da Panvel. Na fila, sempre faço algumas amigas, e falando com uma menina o quanto eu era irritada e braba (daquelas que dá bom dia e já conta a vida toda), ela me disse: "tu tinha que ler o livro A Sutil Arte de Ligar o F*da-se". Wow. E quando uma pessoa estranha te indica uma coisa que é a sua cara, você vai lá e compra né???

Basicamente, o livro de Mark Manson vai te ajudar a ligar menos pras coisas, levar tudo de boas sem morrer estressado. Tá todo mundo na merda, todo mundo tem problemas e é impossível evitá-los e se a gente não abstrair um pouco vamos morrer do coração.

A parte que mais me gravou dele é que é impossível acabar com um problema sem criar problemas novos. E isso cria um grande ciclo vicioso na nossa cabeça. A gente começa a pensar demais em tudo, e começa a ficar ansioso, daí a ansiedade cria mais problemas e acaba que não fazemos nada. E principalmente, resolver um problema vai criar novos probleminhas-filhos, e você tem que escolher qual deles vale a pena lutar por. Por exemplo, eu comecei a fazer terapia pra conseguir lidar com a minha vida e ficar mais feliz. Ótimo! Mas agora tenho o problema de ter que pagar a terapia, guardar o espaço na agenda todas as semanas e pegar um ônibus e subir uma lomba monstra. Mas mesmo com esses probleminhas, eu prefiro fazer minha terapia, que vale mais a pena. Depois que passei a enxergar as coisas assim, tudo fez mais sentido!

Uma coisa é certa: a nossa cabeça tem a capacidade de transformar tudo num bicho de sete cabeças. A gente o tempo todo exagera de tanto pensar e arrumar formas de se livrar das coisas ou culpar os outros, tudo pra se aliviar. Mas no fim, esse é o pior caminho. Temos que aprender a lidar com tudo, e ligar o f*da-se onde for necessário. Não dá pra overthink com tudo, se não vamos explodir e daí já era.

Em cada capítulo ele traz uma reflexão sobre as coisas, meio que aliviando o que a sociedade nos faz. Por exemplo, um capítulo se chama "Você não é especial". A gente passa a vida toda ouvindo isso, mas acaba que, se todo mundo é especial, ninguém é. E pensar que somos especiais demais nos torna menos humilde e menos capazes de reconhecer que nós podemos ser o problema de nós mesmos. E como somos especiais demais, não conseguimos reconhecer, né?

Ele usa algumas analogias como "a cebola da autoconsciência" e "o panda da desilusão" pra contextualizar as coisas, te fazer botar a mão na consciência e cair na real do seu valor e também em como dar menos bola pras coisas, pra não pirar de vez.

"No final das coisas, tudo o que pensamos e sentimos sobre uma situação se resume ao valor que damos a ela." pg. 81

As nossas reações e a forma como lidamos com as coisas muitas vezes se chocam com os nossos princípios e também com o valor que damos pras coisas. E tudo gira em torno das escolhas que tomamos. Por exemplo, eu escolhi fazer faculdade. Apesar de parecer uma ótima ideia, tive que deixar de lado muitas outras coisas que eu queria fazer por não ter tempo, dinheiro ou energia. Eu poderia ter escolhido ir trabalhar após o ensino médio, daí teria que esquecer a ideia da faculdade, e podia ser contra os meus princípios o fato de eu fazer ou não a faculdade... e por aí vai. Minha cabeça está explodindo.

São tantas informações que nem sei bem citar todas. Tive que dar uma olhadinha no livro pra relembrar. O livro nos mostra que muitas vezes temos ideias equivocadas sobre os outros e sobre o mundo, que a gente depende das nossas escolhas e que todo mundo tem problemas e enfrenta batalhas, e só a gente pode decidir o que vale a pena pra nos fazer feliz.

É um livro cheio de informação, de uma forma bem descontraída e rápida. Às vezes, parecia com o que a minha psicóloga me fala. A gente tem que se desligar da bullshit do mundo e que os outros pregam e fazer o que nos faz feliz, claro, sempre respeitando os outros. Não dá pra agradar a todos e todas as mudanças vem oriundas de algum tipo de desconforto, e vão causar sofrimento. Não quer dizer que as mudanças sejam ruins, a gente apenas passa por uma fase diferente pras coisas se estabelecerem. E não podemos nos sentir coitadinhos, temos que ir a luta pra conseguir o que a gente quer o/

Enfim, falei de mais e acho que não cheguei em lugar nenhum. Só queria dizer que amei o livro e todo mundo deveria ler. Agora vou em busca da continuação, "F*deu geral!" ;)

"Chega de tentar buscar um sucesso que só existe na sua cabeça. Chega de se torturar para pensar positivo enquanto sua vida vai ladeira abaixo. Chega de se sentir inferior por não ver o lado bom de estar no fundo do poço.

Coaching, autoajuda, desenvolvimento pessoal, mentalização positiva - sem querer desprezar o valor de nada disso, a grande verdade é que às vezes nos sentimos quase sufocados diante da pressão infinita por parecermos otimistas o tempo todo. É um pecado social se deixar abater quando as coisas não vão bem. Ninguém pode fracassar simplesmente, sem aprender nada com isso. Não dá mais. É insuportável. E é aí que entra a revolucionária e sutil arte de ligar o foda-se."  

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